25/03/2018

69 anos depois

Há um tempo real e o do calendário, o do relógio. Tendencialmente estes dois são o tempo do Cosmos, suas fracções.
A irrealidade decorre, porém, de não sabermos o ponto inicial de contagem do Universo, tanto assim o seu tempo final, menos ainda a dimensão.
A incerteza gera em tantos angústia, em muitos essa é a única transcendência.
A verdade do infinitamente grande é a do infinitamente pequeno: assim, cada um de nós, grão de poeira perdido no espaço, contém em si mesmo o inseguro de não saber de onde provém e para onde se destina ou se o que está é sem porquê.
Somos simples circunstância ocasional de matéria agregada, animada por um sopro de espírito, fruto do inorgânico que nos antecedeu e daquilo em que nos transformaremos. 
Criatura inacabada, imperfeita, cada Homem contém em si a possibilidade da redenção da Humanidade. E, no entanto, cerca-nos o caos.
Esta madrugada somo sessenta e nove anos.
Não há tempo para balanços; no teatro de sombras que é a a existência, seria ficção, a fingir-se o intérprete autor, quando é mero personagem, fantasiando público para o seu monólogo.
Importa, sim, vir aqui dizer que, na soma lógica que faço do que experimentei, ainda há mais para viver que o já vivido. A cronologia, essa, talvez o desminta, frágeis somos, uma vil bactéria nos liquida. Mas urge ter esperança e lutar contra a adversidade.
Ser irrequieto, não me contento com o que há, mas não exijo que me dêem. Sou grato a quantos partilharam e alguns tão pouco tinham.
Tenho apenas isto a pedir: que entendam a ânsia de quem quer imenso espaço para tão diminuto tempo. Os livros que falta ler, os que ainda gostaria de escrever são, afinal, apenas particularidades do que gostaria de ser.
Às duas e vinte da madrugada na cidade de Malanje, em Angola, uma mulher deu à luz o que seria o seu único filho. Era madrugada, nesse dia 25 de Março de 1949. Conta a lenda doméstica que estivera a arrumar a casa e a pendurar cortinados até ao último momento, para que a casa ficasse em condições de receber o seu menino. Ficou-me dela esse sentido do dever, de meu pai o desejar pelo contentamento a possível felicidade. Isso me resume, tantos anos depois.

21/09/2011

Na mão de Deus

Procurava, trémula, errática, a minha mão, para que lha segurasse, à sua mão. Ali estávamos, o cerimonial íntimo do silêncio, a forma muda de nos absolvermos de todo o tempo perdido, da vida que não vivemos, do coração ressequido pelo veneno dos ressentimentos e do que sofremos juntos sem sabermos sofrer sem ser sozinhos. 
E o medo, um medo não admitido e vestido com cores de esperança, a língua do oxalá e tantas as formas há de o dizer, esperando um milagre que traga da vida ao menos um vestígio balbuciante.
Os olhos perdidos num horizonte invisível, como se fixados num Ser que a esperasse, já ao mar indiferente e ao próprio sol, a litania da dor, que o corpo desfaz-se para que outra vida surja daquela vida que me tinha dado a vida. E eu ali, provisório, sem saber como se pronuncia com gestos a palavra Mãe.

06/08/2011

O real sem memória

Lembrei-me da história porque por causa dela apanhei uma pneumonia. Estava no Liceu, em Viseu. Nesse ano fomos passar férias à Costa Nova, talvez por ser mais perto e a minha mãe detestar a Figueira no âmbito daquele sentimento geral de detestar tudo, incluindo a Costa Nova e a ideia se passarem férias.
Arrendámos uma casa ligeiramente longe da praia, nada que o nosso DKW não resolvesse. 
Um fim de tarde alguém fez saber por ali que um cachalote tinha dado à praia, morto.
Claro que aos quinze anos tudo é novidade, sobretudo ali onde nada sucedia e pouco acontecia. Além do mais, eu era um ser errante e sofrido, que nas horas mortas vagueava pelas dunas embrulhado em pensamentos que me amarrotavam os sentimentos. A vida real, sobretudo a inesperada, irrompeu assim, alma adentro como uma vaga turbulenta.
Bom, corrida para cá, corrida para lá, mais a cacimba do entardecer, imagina-se o resultado. Primeiro uma tosse persistente com expectoração. Depois quando veio a febre levaram-me ao médico.
Não cheguei a dar à praia, mas lembro-me do bicho, enorme, estendido no areal, a exalar um cheiro pestilento. O mar não o quis acolher, agora inútil.
A foto que publico não é a de então. O semelhante serve quando o real foi, sem memória

22/05/2009

Luzes da ribalta

Graças à magnífica intervenção do Jorge Sequerra e do José Neto, actores natos, consegui levar à cena uma peça de teatro. Chamei-lhe Não te esqueças do meu isqueiro. Fui buscar a frase a um dos calabouços da Boa-Hora. Foi escrita por uma presa enquanto aguardava julgamento. Impressionou-me pelo que significa, pelo que implica. Foi ontem à noite nos claustros da Boa-Hora. Não é fácil escrever-se para teatro. À boca de cena, iluminada pelas ribaltas, a vida proclama-se de quem escreve por quem diz para quem vê.

28/12/2008

I am the walrus

Tinha dezoito anos. Subi a rua do Carmo, com um amigo meu. Perguntámos se podíamos ouvir. Nem um nem outro tínhamos dinheiro para comprar. O empregado tirou o disco. Era um duplo álbum. Um duplo álbum dois discos de quarenta e cinco rotações, em formato EP. Quem sabe hoje o que isso significa? Colocou no prato, a agulha em diamante a girar, as espirais brilhando. Partilhámos os auscultadores, as faces incendiadas de emoção. Que a do meu gira-discos - ah! que palavra esta... - era de safira!
Ainda hoje recordo. Uma música estranha, estupenda, vinda do fundo dos mares, das tripas da terra, uma música carregada de tudo quanto eu julgava que era um mundo de diferença, de revolvente diferença. Foi. E o que foi se nos retorna como esperança de futuro.

28/09/2008

Mas mãe!

Fez hoje treze anos. Olhei para ele e tinha finalmente a desenharem-se feições de rapazinho. Comparado com esta fotografia, enfrentava, enfim, as dores de estar a afirmar-se como criatura, uma ligeira nostalgia silenciosa no olhar. Ainda ontem era aquele ser de ar suplicante, os olhos duas bagas ansiosas a concitarem carinhos e simpatias. Por causa dessa aparência grudou-se-lhe, irremovível, como um cognome, ou um petit nome o mas mãe! Magnífica criatura, o meu Afonso.

18/09/2008

O homem que mandava passar os comboios

A minha rua, na cidade de Malanje onde nasci, chamava-se Vasco da Gama. Ao topo ficava o mercado, ao cabo, a linha do caminho-de-ferro. Era por ali que deambulava quase sempre sem companhia, outras vezes com o Gégé, filho do Lucas funileiro e com a Maria Luísa, hoje professora de matemática, filha do Augusto Simão, que me queria oferecer uma bicicleta e onde comprávamos sacas de milho para as galinhas que nos enchiam a capoeira.
Da «Quitanda», assim se chamava o mercado, lembro-me apenas do sino que tocava o meio-dia.
Já a linha do caminho-de-ferro é uma memória vincada que me fica. Passava ao fundo da minha rua, interrompia a minha rua, era o limite além da qual poucos brancos já viviam.
Se eu tivesse tido tempo, as questões ferroviárias, com todo o seu caudal de organização militarizada, de regulamentos e apitos, vigílias nocturnas e altas velocidades, ter-me-iam ocupado o espírito de qualquer forma. Como não sei, todo aquele concerto de homens e metais, de movimento e de espera, teria de ter encontrado em mim um modo qualquer de se expressar. Ficou como memória, como sentimento de nostalgia pelo que poderia ter sido.
Lembro-me das locomotivas a vapor, ronceiras e fumarentas no treca-treca de arrastarem atrás de si a centopeia de intermináveis composições; mas lembro-me, como poderia esquecer-me, a alegria das primeiras máquinas a diesel, brutais em altura e em majestade, as «Garrats» possantes, o rugir cavo dos seus motores, o silvo atroador do seu apito. Como me pareciam gigantes, imensas, montanhas metálicas roncando as entranhas da terra.
De Malange a Luanda eram quatrocentos quilómetros que levavam doze horas numa via reduzida impregnada de pó barroso. Parava-se na Canhoca para almoçar, sopa de feijão a escaldar.
A passagem dos comboios ao fundo da minha rua pressentia-os já, não pelo horário, que julgo nunca terei chegado a saber, mas sim pelo progressivo aproximar-se do «pouca terra» entrecortado com «úaaaa úaaa» com que a máquina anunciava a sua chegada.
Lembro-me do guarda da linha.
Lembro-me da sua fardeta manhosa e esburacada, dólmen de autoridade ferroviária, a bandeira vermelha na mão.
De carapinha branca, o rito digno dos velhos negros, o guarda da linha ocupava o seu imenso tempo livre a fabricar sapatos que recortava de velhos pneus. Antes de eu ter sabido o que eram sapatilhas de ténis, aqueles foram as primeiras que vi fazer pelo homem que mandava passar os comboios.

07/06/2008

A pausa de silêncio

É o jardim da cidade onde nasci. Vê-se de lado, a nesga da estação dos caminhos de ferro. Fazia parte do ritual nocturno ir-se esperar a chegada do comboio, vindo de Luanda. Passeava-se por ali, apanhando o fresco, num topo da praça o edifício do Banco de Angola, no outro o do Tribunal, a meio o Palácio do Governo, e entre as árvores e os buxos, num volteio citadino, naquela pequena aldeia, os senhores e suas senhoras, comerciantes, funcionários, empregados de outros. Quais póneis de cortesias, cumprimentavam-se todos, baixando a cabeça, levando a mão ao chapéu, fazendo o gesto de o tirar, não altura não se beijocavam as senhoras. Poucos estavam de relações cortadas.
Depois, chegada a locomotiva, era ver chegar quem viajara, ratar na casaca, de modo metódico e sistemático sobre cada um dos passageiros.
Tratado o figado, por esta descarga de bílis maledicente, voltava-se ao picadeiro, os mesmos casais, com e sem filhos mais os seres ainda não aparelhados, cumprimentando-se de novo, dois dedos de conversa banal e por vezes enfastiadamente forçada, além o como está e passe bem, e sempre o rodopiar, rodopiar, até que pelas nove tudo confluía para a estação dos correios.
Ficou-me desse tempo no recôndito da memória auditiva, o trautear ritmado do carimbo a martelar envelopes, metidos, um a um, nas filas de caixas postais. A nossa era a 131.
Dentro do carro, num frenesi, eu, de calções, ia e vinha e voltava a ir em busca de cartas, mais uma, chegou outra, vieram mais duas. Depois, era o ritual pesado, o meu pai a lê-las, comentando com a minha mãe, deixando no ar uma pausa de silêncio em algumas delas, eu indiferente ao mistério, ansioso por mais e mais correspondência, sem perceber o que era isso de haver más notícias.
Pelas dez, que me recorde, devíamos estar todos em casa, a dormir. Não mais acordei desse sono profundo, típico de uma infância inocente. Hoje, ao ver esta fotografia, tive a certeza de que estava a sonhar.

26/05/2008

A batalha da vida

Escrevi isto em Junho de 2006, creio que num blog que apaguei: «Já vivi numa aldeola que tinha como único ornamento uma igreja sem estilo, uma árvore frondosa que a ladeava, daquelas centenárias, cujas raízes parecem querer arrancar as entranhas da terra e que me lembre nada mais. Junto a essa árvore havia um banco, daqueles vulgares bancos de jardim, a armação em ferro, o assento e o encosto em madeira. Caberiam nele uns três, bem anichados. Ao domingo, lembro-me de o ver ali sentado. Vestia-se a rigor, o fato completo, camisa branca, uma gravata de cuidado nó. Ficava por ali um tempo, o tempo necessário para estar sozinho. Cismava nunca soube em quê. Mais tarde disseram-me que era um militar reformado. A sua guerra, a última batalha que travava, agora era consigo próprio. Eu vivia ao lado do cemitério, ele hoje deve viver por lá, graças ao armísticio com que os deuses da guerra se apiedam daqueles que, na batalha da vida, não sabem vencer e já não têem que perder». A aldeia chamava-se Abravezes, a seguir a Viseu, resta a árvore, a igreja e eu lembrar-me.

25/03/2008

Há cinquenta a nove anos

Nasci, segundo ouvi contar pelas duas e vinte da madrugada.
Nessa noite teria havido uma forte trovoada e um raio atingira em cheio, rachando-a ao meio, uma árvore em frente à nossa casa.
Lembro-me da árvore, dividida em dois corpos, a copa cindida roçando o chão, o tronco carcomido, como as pernas soerguidas de um soldado caído.
Árvore assombrada, tocada por uma faísca fatal, aquela amalgamava vegetal e mineral, petrificada, estava morta e embalsamada e plantada em frente à minha infância.
Se acreditasse em premonições, aquele espectáculo ígneo de uma árvore fulminada por um relâmpago, ter-me-ia causado o arrepio de uma antevisão do futuro.
Mas, afinal, era apenas a expressão de um mau momento na natureza.

Por detrás dela, a árvore morta, cujo nome, eu pouco entendido em árvores, aliás não sei, uma outra, majestosa em altura, se plantara, uma palmeira.
Ao fim da tarde, bandos de corvos, concentravam-se nela, para a noite, onde faziam abrigo. Quando vi o filme «Os pássaros» do Alfred Hitchkok, lembrei-me, por causa dela, que já o tinha visto.
Aquele ritual diário, ao pôr de sol, de centenas de aves agitando as suas asas negras e, como cachos, aninhando-se nos ramos dentados da palmeira, ensinou-me, pelo olhar de uma criança, o que era uma vida a cumprir-se, o que era a força arrebatadora do instinto vital feito apelo, o que era, sobretudo, a desolação das almas, cantada no grasnar aflito daqueles rapinantes, projectados majestosamente ao crepúsculo.
Se eu tivesse entendido então que os nossos sonhos, as nossas ambições, os nossos devaneios, não resistem à migração eterna como a daqueles corvos, a que nossa condição também nos condena, teria evitado algumas das minhas errâncias voluntariosas e ter-me-ia deixado seguir no ciclo vital da rotina e regressado, ao fim de cada dia, como todos os do meu ninho familiar, à minha palmeira.

Assim, nasci por coincidência, num mau momento, e saído um dia da minha palmeira na Rua Vasco da Gama, perdi-me do resto do bando e ao poente, já não regressei.

11/01/2008

Alves Reis

Já escrevi, por me enganar, «Alves dos Reis», tal como muitas vezes digo «Fidel de Castro». Um leitor amigo repreendeu-me, e eu envergonhado, dei a mão à palmatória! Deixando de lado os «de», estou a lê-lo para o apresentar. É uma história excepcional, escavada pelo Francisco Teixeira da Mota, sobre «o homem que burlou Portugal», genialmente. Na FNAC do Chiado, no próximo dia 24, pelas 18:30, lá estarei.

15/12/2007

Sol quente em dia frio

A «Ana» tem um blog desde Fevereiro de 2005. Um blog com imagens, um blog com textos seus, um blog com citações alheias. Chama-se «Encosta do Mar». A Helena Monteiro, do blog «Linha de Cabotagem» e do antológico «Alicerces», atribuiu-lhe o prémio «escritores da liberdade». Vi isso tudo, passeando pela blogoesferaesta manhã de sol quente em dia frio. E vi este excerto do José Gomes Ferreira: « é da sorte de quem ama/ Ouvir violinos até na lama», magnífico verso não sobre a ilusão do amor, mas sobre o ilusório amor.

O mundo dos outros

A blogoesfera é um espaço de devaneio público, um local de sentimentos secretos. Sob o anonimato muitos escondem seres magníficos que se adoraria conhecer neste mundo dominado pelo sem graça, dando o nome e cara há quem exponha o seu ângulo ocultoo, incluindo o nariz adunco, ou as rugas que lhe sulcam o rosto, vindas de uma fenda no coração.
Mundo de aranha, são filamentos que se tecem, visitando-nos uns aos outros. Sente-se no bater da porta, naquele «olá» que nos deixam como comentário. Descobrem-se com gosto. A partir de hoje vou iniciar, ao caso, a partir daqui, essa viagem pelo mundo dos outros.

25/08/2007

e-ttenuation of life


«Teenagers communicating by mobile phones and texts and chat rooms and webcams still seem more like teenagers than nodes in an electronic network. I have to admit a little concern at what we might call the e-ttenuation of life, whereby people find it increasingly difficulty to be here now rather than dissipating themselves into an endless electronic elsewhere», leio, escrito por Ray Tallis, no Philosophy Now, aqui e lembro-me do meu velho Apple, o écran monocromático, as suas disquetes enormes e moles, a alegria infinita de esperar por aquele MS-DOS. Mordido o fruto proibido, digitalizei-me irreversivel e binariamente, a minha cabeça como a álgebra booleana.

18/08/2007

O Oriente Fatal

Mao Zedong, Livro Vermelho, 1964.


«Devemos apoiar tudo que o inimigo combate, e combater tudo o que o inimigo apoia»

«O sistema socialista acabará por substituir o sistema capitalista; essa é uma lei objetiva, independente da vontade do homem. Por muito que os reacionários tendem impedir o avanço da roda da história, tarde ou cedo a revolução se fará e conquistará inevitavelmente a vitória».
«Para fazermos a revolução necessitamos de um partido revolucionário. Sem um partido revolucionário, sem um partido fundado na teoria revolucionária marxista-leninista, é impossível dirigir a classe operária e as grandes massas do povo à vitória sobre o imperialismo e os seus lacaios».

«Um partido político que dirige um grande movimento revolucionário não pode conquistar a vitória sem dominar a teoria revolucionária, sem possuir um conhecimento da História e sem compreender profundamente o movimento prático».
«A revolução não é o convite para um jantar, a composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confecção de um bordado, ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa. A revolução é um insurreição, é um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra».

O génio aprisionado



Ezra Pound, Cantos, I:
«And then went down to the ship,
Set keel to breakers, forth on the godly sea, and
We set up mast and sail on tha swart ship,
Bore sheep aboard her, and our bodies also
Heavy with weeping, so winds from sternward
Bore us out onward with bellying canvas,
Circe's this craft, the trim-coifed goddess.
Then sat we amidships, wind jamming the tiller,
Thus with stretched sail, we went over sea till day's end.
Sun to his slumber, shadows o'er all the ocean,
Came we then to the bounds of deepest water,
To the Kimmerian lands, and peopled cities
Covered with close-webbed mist, unpierced ever
With glitter of sun-rays
Nor with stars stretched, nor looking back from heaven
Swartest night stretched over wretched men there.
The ocean flowing backward, came we then to the place
Aforesaid by Circe.
Here did they rites, Perimedes and Eurylochus,
And drawing sword from my hip
I dug the ell-square pitkin;
Poured we libations unto each the dead,
First mead and then sweet wine, water mixed with white flour.
Then prayed I many a prayer to the sickly death's-head;
As set in Ithaca, sterile bulls of the best
For sacrifice, heaping the pyre with goods,
A sheep to Tiresias only, black and a bell-sheep.
Dark blood flowed in the fosse,
Souls out of Erebus, cadaverous dead, of brides
Of youths and at the old who had borne much;
Souls stained with recent tears, girls tender,
Men many, mauled with bronze lance heads,
Battle spoil, bearing yet dreory arms,
These many crowded about me; with shouting,
Pallor upon me, cried to my men for more beasts;
Slaughtered the heards, sheep slain of bronze;
Poured ointment, cried to the gods,
To Pluto the strong, and praised Proserpine;
Unsheathed the narrow sword,
I sat to keep off the impetuous impotent dead,
Till I should hear Tiresias.
But first Elpenor came, our friend Elpenor,
Unburied, cast on the wide earth,
Limbs that we left in the house of Circe,
Unwept, unwrapped in sepulchre, since toils urged other.
Pitiful spirit. And I cried in hurried speech:
"Elpenor, how art thou come to this dark coast?
Cam'st thou afoot, outstripping seamen?"
And he in heavy speech:
"Ill fate and abundant wine. I slept in Circe's ingle.
Going down the long ladder unguarded,
I fell against the buttress,
Shattered the nape-nerve, the soul sought Avernus.
But thou, O King, I bid remember me, unwept, unburied,
Heap up mine arms, be tomb by sea-bord, and inscribed:
A man of no fortune, and with a name to come.
And set my oar up, that I swung mid fellows."
And Anticlea came, whom I beat off, and then Tiresias Theban,
Holding his golden wand, knew me, and spoke first:
"A second time? why? man of ill star,
Facing the sunless dead and this joyless region?
Stand from the fosse, leave me my bloody bever
For soothsay."
And I stepped back,
And he stong with the blood, said then: "Odysseus
Shalt return through spiteful Neptune, over dark seas,
Lose all companions." And then Anticlea came.
Lie quiet Divus. I mean, that is Andreas Divus,
In officina Wecheli, 1538, out of Homer.
And he sailed, by Sirens and thence outward and away
And unto Circe.
Venerandam,
In the Creatan's phrase, with the golden crown, Aphrodite,
Cypri munimenta sortita est, mirthful, orichalchi, with golden
Girdles and breast bands, thou with dark eyelids
Bearing the golden bough of Argicida. So that:»

Adeus para sempre

«I didn't mean to treat you so bad
You shouldn't take it so personal
I didn't mean to make you so sad
You just happened to be there, that's all
When I saw you say "goodbye" to your friends and smile
I thought that it was well understood
That you'd be comin' back in a little while
I didn't know that you were sayin' "goodbye" for good»

Bob Dylan, One of Us Must Know (Sooner or Later), Álbum Blonde On Blonde, 1966